Meu
sonho é morar em um país onde a taxa de violência é baixa ou quase nula, o
sistema de saúde é capaz de atender toda a população, doenças como dengue e febre
amarela foram extintas, a educação é excelente e qualquer aluno do ensino médio sabe a diferença entre “mais” e “mas” e quanto é vinte por
cento de cem. Que sonho lindo!
Mas parece que alguns deputados brasileiros
tomam alucinógenos e acreditam que vivem nesse país dos meus sonhos. Para eles,
o Brasil é realmente um país abençoado por Deus, onde tudo é divino, tudo é
maravilhoso e as manifestações que estão acontecendo por toda a parte é
realmente por causa de vinte centavos.
Para
esses deputados, o país está tão bem que o único problema, além dos vinte
centavos, é como e com quem a população brasileira está transando. Não, eles
não estão preocupados com a prostituição infantil, com a pedofilia, com a
exploração sexual ou com o tráfico de mulheres. Para eles, esses problemas só existem em novelas da Glória Perez. A preocupação deles é o que adultos cientes de seus atos estão fazendo na cama com consentimento das partes envolvidas
no ato.
Na
última terça-feira (dia 18) foi aprovado na Comissão dos Direitos Humanos e
Minorias da Câmara, presidida pelo deputado federal e pastor metrossexual
Marcos Feliciano (PSC-SP), o projeto de lei conhecido como “Cura Gay”, de
autoria do também deputado federal e também pastor João Campos (PSDB-GO). Esse
projeto derruba as normas do Conselho Federal de Psicologia que proíbem que o
homossexualismo seja tratado como doença. Ou seja, de acordo com o projeto “Cura
Gay” o homossexual pode ser considerado um doente. . Assim que vi essa notícia,
fui até a cozinha olhar a folhinha pregada na parede para conferir se estamos mesmo em 2013 ou se as datas do meu PC e
do celular estavam adiantadas 200 anos, pois cheguei a pensar que estávamos em
1813, apesar da tecnologia atual.
Parece
brincadeira, mas não é. Em um país onde o sistema de saúde, tanto público
quanto particular, não é capaz de tratar de forma digna, pacientes que estão
realmente doentes, os imbecis estão preocupados em considerar o homossexualismo
como doença.
Eu
fico imaginando, o cara saindo de casa ás quatro horas da manhã e indo para a
fila da UPA mais próxima de sua casa(que muitas vezes não é tão próxima assim). Oito horas depois de ficar em pé nessa fila, ele é atendido
pela enfermeira da triagem, que o pergunta qual é o problema e ele responde: “estou
com muita vontade de dar o rabo”. Ela, então, coloca uma pulseira amarela no
braço do rapaz e o manda esperar que ele será atendido pelo clínico geral, que
certamente o encaminhará para o psicólogo ou urologista (que pode até resolver o
“problema” com o dedo).
E o
que vai ter de hétero fingindo ser homo só para pegar atestado médico para
justificar sua falta na segunda feira, não vai ser brincadeira. A pessoa passa o sábado e domingo enchendo a
cara e acorda ressaqueado na segunda, sem ânimo algum para trabalhar. Vai ao
médico e diz que transou com uma pessoa do mesmo sexo no fim de semana e que
ainda está com vontade de pegar outros (as).
Após um fim de semana com muita festa e bagunça na casa
toda, a madame recebe, na segunda, ás seis da manhã, um telefonema da empregada
dizendo que não irá trabalhar, pois está apaixonada por uma amiga e vai
procurar um médico.
E aquele marido que está saindo com a colega de serviço e
chega a casa na madrugada com cheiro de perfume feminino e manchas de batom na
camisa e encontra sua esposa na sala o esperando com um porrete na mão. Depois
do projeto aprovado, ele pode dizer a ela que estava com um travesti e como
isso é doença ela deve leva-lo ao médico e não descer lhe a pancada.
Os cineastas brasileiros podem também aproveitar desse
projeto e fazer um remake do filme americano Stallone-Cobra, estrelado por
Sylvester Stallone em 1986. Na versão brasileira, Jackson Antunes é um bom nome
para interpretar o policial Marion
Cobretti, mais conhecido como Cobra. Na versão brasileira, Cobra será policial
e médico. Além da famosa frase da versão americana (se o crime é uma doença, eu
sou a cura), ele dirá também: se o homossexualismo é uma doença, eu sou a cura.
E por falar em cura, a indústria farmacêutica vai
aproveitar da imbecilidade desses deputados e passará a fabricar remédios contra
o homossexualismo. Afinal, quando as terapias com psicólogos e analistas e os
exorcismos não derem resultados, o jeito vai ser partir para a química. Para os
homens vão criar o “Navagina( o nome é para que eles se lembrem onde devem
enfiar o pinto)” e para as mulheres o remédio ideal será “Nãovagina”( na
verdade será o mesmo genérico do remédio masculino, o nome só muda para lembrá-las
onde não relar a tcheca).
Eu fico pensando o que se passa na cabeça desses
deputados, não só os da Comissão de Direitos Humanos, mas de todos os demais. A
inflação está voltando, os sistemas, educacional e de saúde são horríveis, a
criminalidade está cada vez pior e eles estão preocupados em curar o que não é
doença e nem prejudica a ninguém.
Se a
religião deles é contra o homossexualismo, tudo bem, mas que seja contra só
para os seguidores dela. Não venham levar tais preceitos para a política. O que
o povo espera de um político é que este trate de problemas sociais e não
religiosos. Quem sente que está com problema espiritual deve procurar uma
igreja, centro, templo. Na urna queremos resolver nossos problemas sociais e se
os políticos não estão lembrando quais são, as manifestações estão aí para lembrá-los
e que continuem até que eles recuperem totalmente a memória.
Abraços
e até á próxima.
Marcelo
Maia